terça-feira, 29 de setembro de 2009

Saussurianismo

22/09/2009
  • Linguística & Semiologia;
  • Língua & Fala;
  • Diacronia & Sincronia;
  • Sintagma(eixo das realizações/dos elementos realizados) & Paradigma(eixo das possibilidades de combinação entre os elementos linguísticos);
  • Subordinação da significação ao valor;
  • Níveis da análise linguística;
  • Signo linguístico:
-Significante e significado;
- Arbitrariedade do signo linguístico;
-Linearidade do signo linguístico;
-Mutabilidade e imutabilidade.
  • Delimitação da ciência;
  • Linguagem verbal: sistema da língua(langue) e sistema da fala(parole);
  • Prefência pela Langue.
Ø A linguagem tem uma relação indireta com a realidade e para Michel Pêcheux, a linguagem não é algo que não mantém relações com nada.

Existem três Saussures:
1º: Saussure dos anagramas;
2º:Saussure do CLG;
3º:Saussure dos manuscritos.

O Saussure dos anagramas considerava que o componente histórico é parte constitutiva da linguagem e nele percebe-se também o sujeito trabalhando com e na linguagem.
Já no 2º e o 3º Saussure encontramos a exclusão do contexto histórico e da diacronia.Além disso, a questão do sujeito é deixada de lado.
Contudo, nos 3 Saussures a relação signíca é tida como algo que pertence unicamente ao nível linguísitico.Os referentes não são levados em consideração e não há exterioridade (mundo) trabalhado.
O modelo positivista de conceber a ciência era o modelo vigente na época e implicava na sistemacidade e na objetividade.Por isso, Saussure excluiu toda a interferência do sujeito sobre o objeto para construir verdades ( excluindo além do sujeito, referente e história).

Ø Apesar de preferir a langue (e recortar a parole pois esta traz as particularidades e as singularidades do falante), Saussure diz que a fala não é assistemática. Para ele, a fala apenas possui uma sistematicidade e uma regularidade diferente da língua.

Ø O objeto língua pode ser estudado pela visão sincrônica ou diacrônica. Os pré-sausserianos privilegiavam o estudo diacrônico mas Saussure privilegiava o estudo sincrônico pois acreditava que a historicidade já está presente em um recorte da língua e por isso não haveria necessidade do estuda diacrônico desde os primórdios da história de determinada língua.

Ø Modo Saussuriano de ver a história: cronológico.
Ø Modo Bakhtiniano de ver a história: relacionado com as lutas de classes.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Palestra do Professor Emílio Gozze Pagotto (USP)

O português que vai distante e o português que vai em nós

  • Temos a impressão que os manuais de gramática passam todo o histórico da língua.Entretanteo essa visão é equivocada.
  • Fazemos confusão também no que diz respeito a norma culta e norma padrão.A norma culta consiste nas práticas linguísticas das pessoas mais escolarizadas. Já a norma padrão nada mais é do que a norma idealizada dos gramáticos.
  • No processo de evolução da língua, a norma padrão vai aos poucos incorporando as práticas linguísticas que estão no vocabulário dos mais letrados mas no século XIX houve um movimento contrário:primeiro houve a adesão de novas práticas linguísticas para depois rejeitá-las.

Gramática do Português Brasileiro(características)

I) Desaparecimento do clítico acusativo e susbstituição por um "pronome vazio";
II) O sistema de relativas (ex.: Eu tenho um amigo que ele não gosta de estudar);
III) A perda da inversão livre do sujeito;
IV) A perda da inversão obrigatória do sujeito em interrogativas- inovação(ex: você fez o quê?);
V) Mudança no sistema de colocação pronominal: sistema de colocação pronominal essencialmente proclítico;
VI) Mudanças no sistema pronominal;
VII) As mudanças no sistema verbal;
VIII) Preenchimento do sujeito : o sujeito agora entra na fala com uma frequência muito alta e o sujeito vazio está sendo menos usado;
IX) A entrada das construções de tópico (ex.: O Brasil ele uma hora vai ter jeito/ Essas gavetas não cabem muita coisa- não é a gaveta mas as coisas que não cabem na gaveta).



Como a esquizofrenia linguística cresceu entre nós?

O século XIX foi o período em que o pórtuguês brasileiro se consolidou mas foi no século XX que as características do nosso português foram ficando mais evidentes.
No português europeu, uma sentença como "Maria me viu" é agramatical.O falante de Portugal não reproduz uma sentença como essa.
O português do Brasil e o português de Portugal se originam do português clássico.
O português clássico era predominantemente proclítico. No Brasil do século XIX, os casos de ênclises cresceram e no século XX os casos de próclise no português eram maioria.
A ocorrência da próclise durante o Império era de 91% contra apenas 14% de casos de próclise na República.
O padrão normativo mudou ao longo do século XIX mas as mudanças aconteceram na direção contrária da língua falada no Brasil.Um exemplo disso é que a constituição do Império foi escrita em português clássico enquanto a da República foi escrita em português europeu.

-O português do Brasil faz a próclise ao segundo verbo
- O português clássico fazia a próclise ao 1º verbo (ex.: ele me deve sempre dizer a verdade).

I)Português do Brasil: João não me viu.
II) Português de Portugal: João disse que não conseguiu ver-me.
III)Português clássico: João me não viu.


Curiosidades

- +ou - 1870:Pinheiro Chagas critica a escrita de José de Alencar(pois ele queria escrever em português brasileiro) e Alencar responde no posfácio de Iracema.
- Por causa da polêmica entre Rui Barbosa e Carneiro Ribeiro sobre a escrita mais correta o Código civil foi publicado em 1916(sendo que começou a ser revisto em 1902).
- A melodia do Hino Nacional Brasileiro é muito antiga mas a letra só foi escrita no início da República.Por esta razão explica-se o grande número de inversões e ênclises, num período em que o português de Portugal era tido como a língua ideal em nosso país.


sábado, 12 de setembro de 2009

Bloomfield / Chomsky

-Para Bloomfield, todos nascem como uma tábula rasa e adquirem conhecimento na convivência com os outros(a criança aprende através de estímulos e respostas).
Já para Chomsky, algumas coisas da linguagem são inatas. Já nascemos pré-determinados a desenvolver a linguagem.

- A criança adquire a linguagem através da formulação de hipóteses.
ex.: eu FAZI isso(fazendo uma analogia a"eu comi..."," eu bebi..." ).

-Chomsky: desde pequenos temos a capacidade de reconhecer quais sentenças se enquadram nas regularidades da língua.No entanto,desde crianças produzimos sentenças e elementos de natureza linguística que nunca ouvimos antes.
ex.: a laranja está verdura(verde+madura) <- este dado questiona o aprendizado por repetição.
Chomsky diz ainda que não podemos pensar na língua como um sistema superficial, pois além do superficial, há uma estrutura profunda.
Ainda na visão de Chomsky, na linguagem existem coisas comuns a todas as línguas:
-Todas as línguas possuem sujeito e predicado;
-Todas as línguas utilizam um mecanismo para contar( curiosidade: existem grupos indígenas que contam até 2. O que vem além, eles consideram como "muito").
-Não precisamos analisar empiricamente a linguagem para formular hipóteses sobre ela.A partir da experiência como falante da língua é possível formular tais hipóteses( como por exemplo, em português, "eu a vi" está sendo substituído por "eu vi ela").


Fenômeno da recursividade :
Somos capazes de produzir sentenças complexas a partir de sentenças simples(POSTULADO UNIVERSAL DE CHOMSKY).


-Os "Bloomfieldianos" são indutivistas.
-Os" Chomskyanos" são dedutivistas.



-Chomsky não critica o sestruturalismo de Saussure mas critica os estruturalismo americano de Bloomfield. O estruturalismo saussereano era dedutivista ( ia do geral p/ o particular).
Saussure mostra que a língua não tem só uma função mas também um funcionamento.

Curiosidade:
No léxico empregado por Saussure a palavra "estrutura" não é citada nenhuma vez.
O termo estruturalismo foi criado por um antropólogo (Claude Levi Strauss) que ao estudar grupos indígenas no Brasil , observou que esses grupos se organizavam de forma semelhante às estruturas linguísticas.

-Chomsky se preocupa apenas com a sintaxe e com a disposição dos elementos nos enunciados(As organizações sintáticas possibilitam 'n' leituras).

Chomsky- Linguística da frase
Benveniste- Linguística da enunciação




quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Obervações

(Aula do dia 25/08/2009)

->A Linguística dispõe de um ponto de vista privilegiado dentre as outras áreas que têm como objeto a linguagem, pois a ciência linguística capta a 'essência do objeto'.

"As demais disciplinas científicas, abordando a linguagem,abordá-la-iam, então, de pontos de vista parciais e periféricos."
(BORGES,José.Ensaios de Filosofia da Linguística.São Paulo,SP:Parábola Editorial,2005:32)



->o Nível observacional é mais amplo enquanto o nível teórico é descritivo(ou explicativo) e mais restrito.

"Teorias diferentes podem construir objetos teóricos distintos sobre um objeto observacional que é supostamente o mesmo(...). "
(p.37)