quinta-feira, 25 de março de 2010

Questões referentes ao texto “Retrospectivas e perspectivas da historiografia da lingüística no Brasil”

Questão 1: Levando em consideração aos parâmetros que permeiam os estudos da linguagem, percebemos que a Linguística não é um campo de estudo que tem seu objeto bem delimitado. Por isso, para retornar a historização da Linguística é necessário se valer da história geral de ciências e de outras disciplinas. Tendo isso em vista, pode-se afirmar que as reflexões sobre a linguagem começaram só a partir de Saussure?

Questão 2: Durante alguns séculos, a imprensa missionária colonial Americana acumulou informações sobre a língua espanhola e portuguesa, dentre elas, algumas afinidades e divergências, quais são elas?

Questão 3: Para Mattoso, a herança descritiva colonial-missionária poderia ser descoberta da retrospectiva histórica da Linguística no Brasil, admitindo que o tupi descrito pelos jesuítas era quase artificial. Com base em quais argumentos ele faz essa afirmação? E o que Mattoso quis dizer com: “o missionário linguísta foi catequético tanto quanto o missionário religioso”?

Questão 3.1: Quais as soluções encontradas por Anchieta e Figueiredo, os descritores do Tupinambá, para marcar a diferença das duas séries de clíticos?

Questão 3.2: Qual seria o lugar que a lingüística ocuparia enquanto ciência e o prestígio adquirido por ela hoje se os primeiros linguistas brasileiros tivessem seguido uma linha teórica de forma mais contínua e eficaz ao invés de buscarem as “teorias da moda” no exterior? A lingüística seria uma ciência mais consistente no Brasil ou continuaria inferior a linguística dos EUA e à européia se aqueles pesquisadores atendessem, no momento inicial, as necessidades lingüísticas e histórico-culturais que nosso país tinha?

Questão 4: A primeira tarefa a ser feita quando se objetiva a construção de uma Historiografia é o resgate das formas de conhecimento que já foram produzidas no Brasil, ainda que informalmente, tentando explicar as “formas de linguagem e seus significados”. A autora afirma que a partir dessa linha de pesquisa o Brasil pode ser linguísticamente redescoberto mas será que, após séculos de negação e exclusão do nacional, por uma submissão e observação de ciências, materiais e correntes de pensamento estrangeiro, conseguiríamos registros relevantes e originalmente brasileiros para tal redescoberta?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Diferentes concepções da história da Linguística

História tradicional:
Consiste na narração de grandes personagens e grandes eventos históricos em uma ordem cronológica.
Quando aplicamos esse pensamento à linguística, pensamos nos macro eventos, ou melhor, só levamos em consideração eles.

História das mentalidades:
Defende que o mundo se organiza a partir de determinados valores que estão subjacentes àquilo que acontece na realidade, mentalidade que sustenta as práticas em determinado período, representações próprias a uma época ou grupo.
A tarefa dessa história é resgatar essas representações sem recobri-las com categorias anacrônicas.

História das ideias:
Parte do pressuposto de que a mentalidade não é homogêmea, não existe uma única mentalidade sustentando as práticas dos sujeitos, mas um conjunto de ideias.
Além disso, o sistema de representação das mensalidades/ideias é construído também pelo sujeito.
ex.: há diversos estruturalismos, estando eles em conflito.

Historiografia:
A historiografia ( que já foi explicitada um pouco na visão de Altman) é a maneira pela qual a história foi escrita. Ela refere-se à metodologia e às práticas da escrita da história, tratando-se de uma meta-história.
A historiografia não concorda, por exemplo, que Mattoso Câmara foi o primeiro a pensar na linguagem no Brasil pois certamente haviam outros pesquisadores e pensadores que viam a língua através da lógica, da filosofia, entre outras.

História das mentalidades X História das ideias
A história das mentalidades observa o que homens de um mesmo tempo têm em comum.Tem a ver com cotidiano(não necessariamente o cotidiano atual) e com "atos automáticos".
Para a história das ideias existe um sistema de representação que determina as práticas das pessoas sem que estas tenham a consciência que estão imerssas em tal sistema.
Além do mais, esse tipo de história considera tanto macros como micro eventos, sendo os pequenos fatos levados em consideração a partir de uma mentalidade dominante.
Por outro lado, para a história intelectual clássica o objeto fundamental é a ideia, considerada um a construção consciente da mente.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Anotações do artigo "Restrospectivas e perspectivas da historiografia da linguística no Brasil" de Cristina Altman

1. Introdução -
Delimitação da linguística:
consiste na explicação dos limites do seu domínio e na enumeração dos seus objetos possíveis.


2. O registro das tradições linguísticas latino-americanas

O contato do europeu com as línguas dos países dominados dos séculos XVI ao XIX aumentou quantitativa e qualitativamente o conhecimento empírico sobre as línguas.
Mas até que ponto esse conhecimento propiciou a formulação de questões teóricas sobre nossas práticas descritivas? Qual é o lugar ocupado pelo estudo de línguas não documentadas (como as americanas) ?
No processo de seleção de ideias e práticas linguísticas, certas tradições de estudo foram subestimadas e excluídas da historiografia, pelo menos até o século XX.
A América espanhola produziu bem mais gramáticas do que a américa portuguesa.
A Cidade do México possuía imprensa em 1539 e Lima desde 1582, enquanto no Brasil só foi estabelecida a imprensa no século XIX.
Em Lima, já havia universidade em 1551 e uma cátedra para o estudo em 1580, enquanto no Brasil as primeiras universidades só passaram a existir no século XX.
Por isso, só há a descrição de duas línguas " exóticas"* existentes na américa portuguesa : o Tupi e o Kiriri.
Os colonizadores também controlavam a heterogeneidade linguística na América.Eles também catalogavam as línguas e verificavam o que havia de semelhante e de diferente entre elas.

*exóticas no sentido de diferente do latim, pois nos séculos passados toda língua que não fosse grego, latim e hebraico(as línguas de prestígio) eram consideradas exóticas.


O registro histórico das tradições linguísticas brasileiras
Para Mattoso, o Tupi missionário era quase artificial, bem distante do Tupi natural que lhe serviu de base.
Queria-se melhorar a língua do índio moldando-a ao latim( Mattoso Câmara, 1977:102).
Para isso, usava-se um modelo de latim baseado nas obras de Donato e Prisciano, que se erige em 8 partes da oração: nome, pronome, verbo, particípio, preposição, advérbio, interjeição e conjunção.

Historiografia e história
A historiografia linguística é uma disciplina que tem como principais objetivos descrever e explicar como se produziu e desenvolveu o conhecimento linguístico em um determinado contexto soxial e cultural através do tempo
Já a história e as crônicas são listas de nomes, títulos e eventos em que não se busca a compreensão intensa nem a interpretaçãodos fatos.

Observações finais
Os linguistas brasileiros(e vale ressaltar que Mattoso Câmara é considerado o pioneiro da linguística no Brasil), devido a instalação tardia da Linguística em nosso país , estavam antes preocupados com as novas teorias que surgiam na Linguística em âmbito internacional do que o que realmente tinha acontecido e com o que acontecia no Brasil de até então.

Esboço das fases da Linguística no Brasil- reflexões iniciais

Fase Gramátical: fase da construção de gramáticas
Fase filológica: tinha o objetivo de interpretar manuscritos antigos , recuperando textos literários de épocas passadas
Fase dialetológica: mapeava o português falado e escrito no Brasil
Fase da crítica textual: trabalha com todos os tipos de textos, documentos e manuscritos. Diferente dos filólogos, os críticos textuais interpretam e investigam em que medida o português foi se modificando ao longo dos séculos.

Nova disciplina: Linguística no Brasil

Ano novo, vida nova,semestre novo e como consequência disciplinas novas.
Em Linguística no Brasil estudaremos, como o próprio nome já diz, a ciência linguística no território nacional, desde sua "chegada" até o momento atual (e quem sabe uma previsão do futuro da linguística), observando suas fases e suas peculiaridades :)