quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Quatro escolas: reflexões finais

Por meio de exemplos, serão explicadas as quatro escolas estudadas (estruturalismo, gerativismo, materialismo e funcionalismo além de um breve comentário sobre a gramática normativa) e as especificidades de cada uma delas.

1) Gramática normativa
Vê a língua como expressão do pensamento.
Objetivo: prescrever o uso / normativizar

ex.:



2)Estruturalismo
Vê a língua como um sistema de signos
Objetivo: descrever a língua e suas regras
Ex.:


3) Geratisvimo
Abordagem explicativa
Obetivo: explicar as regularidades da língua
Vê a língua como uma faculdade, uma capacidade inata.
Ex.:

4) Materialismo /AD
Abordagem interpretativa
Pensa a língua como a manifestação da ideologia.
Objetivo: analisar de que lugar social os sujeitos estão falando e observar os discursos e seus efeitos de sentido.
Ex.:



5)Funcionalismo
Pensa a língua em uso, em situação de interação.
Leva em consideração os sujeitos que falam, que ouvem e o contexto em que estão inseridos.
Pensa como a língua funciona concretamente e diz que as sentenças em português se organizam , majoritariamente, na ordem tópico-comentário.
Objetivo: pensar na língua na situação de interação.
Ex.:

O postulado funcionalista

As abordagens funcionalistas são bem distintas. Para o funcionalismo, as línguas são instrumentos de comunicação e interação social.
A gramática funcionalista analisa as relações entre os constituintes e como esses se distribuem em relações sintáticas, semânticas e pragmáticas.
As relações sintáticas, para os funcionalistas, especificam a perspectiva da qual é apresentado o "estado da coisa" na expressão linguística.
As semânticas, por sua vez, especificam os papéis que exercem os referentes dentro do "estado de coisas" designado pela predicação em que ocorre.
Já as pragmáticas especificam o estado informacional do constituintes dentro do contexto mais abrangente em que eles ocorrem.
O sistema linguístico, segundo a perspectiva funcionalista, existe para cumprir funções comunicativas.Além disso, eles acreditam que o funcionamento da língua dentro de tais circunstâncias prevê mudanças na língua que sejam capazes de atender as novas necessidades de expressão.

Tipos de enunciados

1) Enunciados logicamente estabilizados : são aqueles pelos quais não há chance de haver outro sentido, uma nova interpretação.
Como exemplo temos a fórmula da água, que sempre será H2O( não há outra interpretação) e também as contas matemáticas que são exatas e fixas.

2) Enunciados passíveis de interpretação: São próprios da ciências humans e sociais.São enunciados interpretáveis, que permitem mais de um sentido e significação.

Interdição à interpretação:as notas de rodapé são um bom exemplo. O enunciador priva o leitor (ou o enunciatário) de ter sua livre interpretação sobre algo.

Acontecimento discursivo

Acontecimento, segundo a Análise do discurso, é o ponto de encontro entre uma atualidade e a memória.
Para Michel Pêcheux ,o discurso é estrutura(termo proveniente da concepção de língua para Saussure) e acontecimento.
Os acontecimentos cotidianos são transformados em acontecimentos discursivos e cada acontecimento discursivo produz um sentido diferente.




O discurso como processo discursivo

Não se pode pensar em discurso sem pensar em interdiscurso e formação discursiva.
O interdiscurso equivale ao discurso transverso.Como já foi mencionado, o discurso transverso se trata da organização do pré-construído em um outro discurso.
A formação discursiva, por sua vez, é o lugar ideológico que determina como o discurso vai ser construído. Ela é a matriz de sentidos que regula o que pode e deve ser dito.Toda fd está atrelada a uma formação ideológica(FI).
Por mais que tentemos apagar a história , não será possível pois ela deixa rastros através da memória e da linguagem. São resquícios (implícitos ou explícitos) que não podem ser apagados.


Heterogeneidade discursiva

1) Heterogeneidade constitutiva: todo discurso se constitui a partir de outro discurso(lembre-se do interdiscursividade!).

2)Heterogeneidade mostrada e marcada: quando um único locutor produz um certo número de formas linguisticamente perceptíveis no nível da frase ou do discurso, e inscreve o outro explicitamente em sua fala.
Formas de marcar o outro no discurso: aspas, itálico, citações, glosas, sic, entre outras.
Ex.: Felipe disse que você está bonita.

3) Heterogeneidqade mostrada e não marcada: representa , pelo continuum, a incerteza que concretiza a referência do outro.
Não há índices de autoria no discurso do outro.
Formas implícitas de heterogeneidade: discurso indireto, ironia, esteriótipo , imitação.
A presença do outro não é explicitada por marcas unívocas na frase. Esse jogo com o outro no discurso opera no espaço do semidesvelado.

Discurso transverso

O discurso transverso, ou interdiscurso, é a organização do pré-construído em outro discurso. Todo discurso é constitutivamente atrevessado por outros interdiscursos, formações discursivas e ideológicas, sendo por tanto, heterogêneo.


Exemplo de "atravessamento de discursos":

Aquele que morreu na cruz nunca existiu
-->discurso cristão/ -->discurso ateu (discurso transverso)



Esquecimentos

Para Pêcheux:

1) O sujeito não é a origem do dizer.Tudo que está sendo dito hoje já foi dito antes por alguém, em outro lugar. Com exceção dos enunciados fundadores de discursividade, como a Bíblia, todos os outros já foram enunciados e apenas são atualizados cada vez que um falante o pronuncia.

2) A relação mundo, linguagem e pensamento não é direta mas é atrevessada por várias ciências e conceitos entre eles a ideologia e o pré-construído(aquilo que já foi enunciado antes). Por isso, a análise estritamente linguística não dá conta de descrever o sentido.


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Discurso e Ideologia

A ideologia não é o ato de " mostrar a aparência e ocultar a essência " mas sim interpretar e produzir sentido a partir de uma dada posição ideológica.
Para a AD, a ideologia se materializa no discurso e é ela quem nos constitui como sujeitos.


Relação Discurso e Ideologia

A Ad constrói um objeto novo do que se tinha até então. O discurso não deve ser entendido como sinônimo de texto ou mensagem. O discurso enquanto mensagem apaga as relações de poder e coloca os sujeitos no mesmo patamar.
No entanto, as relações não se dão nessa forma. Não há harmonia mas há conflitos na linguagem. Há relações hierárquicas de poder e os sujeitos desejam ocupar o lugar de produtores do discurso.
O discurso não é simplesmente aquele que traduz as lutas mas é a causa porque se luta.
A AD defende que a base da linguagem é ela mesma, não diferindo de um grupo social para outro. A maneira como utilizamos a língua é o diferencial.
Além disso, a relação língua/sociedade não é direta. A base linguística (fonema, morfema, organização sintática) é a mesma.
O preconceito, portanto, não está na estrutura da língua mas no funcionamento dela.
O discurso não se dá na evidência.É preciso descontruir a discursividade para tentar aprendê-la.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O materialismo histórico na língua: a AD de orientação francesa


Ads com diferentes orientações:

1) Ad derivada de Pêcheux: o discurso é determinado pela história> analisa a relação discurso e ideologia.
2) Ad derivada de Foucault: vê as condições de possibilidade de irrupção dos discursos
3) Ad derivada de Bakhtin: analisa a construção dos discursos na relação entre o "eu" e o "outro", uma arena de luta entre diferentes vozes.Pensa nos discursos e nas condições de possibilidade em que ele ocorre.
4) Ad derivada de Norman Fairclough: pensa em como as lutas sociais se materializam no discurso ( ad conhecida também com análise crítica do discurso).

Escola francesa de A.D.

(Fim da década de 1960- Michel Pêcheux)
Surge como tentativa de construção de uma teoria althusseriana da linguagem.
As ciências humanas na França dos anos 60 estavam no contexto em que todas as produções culturais tornavam-se passíveis de leitura.
A Ad surge a partir da articulação de três regiões do conhecimento: o marxismo (althusseriano), a psicanálise (lacaniana) e o estruturalismo linguístico(saussureano).
Havia uma efervescência intelecto-social e foi nessa efervescência que a AD surgiu como teoria de leitura.
A Ad surgiu também por causa da obscessão pela significação que os franceses tinham e pelo projeto político-científico de fazer avançar os estudos da linguagem e conscientizar as massas da submissão aos aparelhos ideológicos.
A AD não quer analisar os mecanismos dos textos e sim dizer como a história e a ideologia se materializam no texto.Não interessa o produto mas sim o processo. Não há uma teoria já pronta que sirva como instrumento para a análise. Além disso, a ad verifica que os discursos se apresentam sempre em diálogos com outros discursos.

Nascimento da AD:
Publicação da revista Langages nº13 e participação no colóquio de Lexicografia em 1968 por Jean Dubois e publicação do livro Análise Automática do Discurso por Michel Pêcheux em 1969.

Materialismo histórico e dialético

Marx(1800)

Os trabalhadores para ele são vendedores da força de trabalho.

Características do materialismo histórico e dialético:
-O modo como a gente vive é que instaura os pensamentos. Nosso modelo de vida diz como vamos pensar (e não o contrário).
(Georg Wilhelm Friedrich Hegel)
-Pensar em dialética implica pensar em relação e as relações dialéticas não são estáveis.
- O primeiro lugar onde se percebe alguma mudança no mundo e em sua materialidade é na materialidade da linguagem, ou seja, no discurso.


Exemplo de Hegel:

Senhor X escravo

1)Para existir o escravo deve existir um senhor.
2) o escravo é escravo em relação ao senhor mas é livre em relação ao mundo pois ele sabe lidar com a natureza etc.
O senhor, em contrapartida, é escravo em relação ao mundo pois se o escravo não lhe der o que comer e beber ele morre. Assim, o senhor vira escravo da relação com seu escravo.

Materialidade
infra-estrutura: lugar da produção, algo concreto
superestrutura: modo como pensamos/ discursos que marcam uma determinada cidade ou povo.

Materialistas

Os materialistas dizem que a língua tem uma estrutura própria mas possui uma autonomia relativa.
Para eles, não é possível pensar no significado linguístico sem levar em conta as determinações históricas e sociais.Há ordens discursivas e históricas que não podem ser superpostas umas as outras.Além disso, é no nível do significado que as questões externas se fazem mais presentes.


ORDEM DO ENUNCIÁVEL:
Princípios de controle e rarefação dos discursos.

Ex.: Frase "O homem descende do macaco".

Esse enunciado só ganhou status de enunciado verdadeiro com as pesquisas de Darwin. Antes delas ele até poderia ser enunciado, mas não tinha tanta veracidade e os efeitos de sentido produzidos eram outros.


Características do Materialismo:

-Tenta descrever e interpretar as condições em que o discurso pode ser dito/o funcionamento dos discursos.
-pensa o que possibilita que um discurso ganhe o status de legitimidade.
-crê na existência de algo que regula o que pode e deve ser dito

Mikail Bakhtin(1920):
critica o objetivismo abstrato e o estilístico.
O objetivismo abstrato diz respeito a Saussure e a exclusão do sujeito e das questões externas à língua. O Estilístico era defendido por Karl Vossler, que dizia que o sujeito tem uma onipotência sobre a linguagem e que essa é subordinada ao sujeito.
Para Bakhtin as falas de agora se ancoram a falas produzidas agora e anteriormente.
Ele critica a onipotência sobre a linguagem e diz que é a linguagem que constitui o sujeito e não o contrário

Estruturalista X Gerativista

O estruturalista apenas descreve as regularidade que a língua possui.
O Gerativista, por sua vez, busca as explicações para os fatos linguísticos.

Em uma sequência como:
"OS MENINO"

O estruturalista diria apenas que o primeiro elemento se trata de um determinante e que o segundo se trata de um nome, compondo com o det um sintagma nominal.
Pela perspectiva gerativista, seria questionado por que no português costumamos marcar o plural apenas no primeiro elemento.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Apresentação


















Fim!!!




Grupo:

Ana Paula, Bévirley, Caroline, Gabriela Teixeira



Resenha

(Fiorin(org). Sintaxe: explorando a estrutura da sentença.In:Introdução à linguísticaII: princípios de análise.São Paulo:Contexto,2003)


Introdução à linguística

Sintaxe: explorando a estrutura da sentença


Os seres humanos têm como parte central de sua competência lingüística saber como se estruturam os itens lexicais de uma língua natural. Sendo que, essa competência é uma propriedade inata a qualquer falante de uma língua natural. Tal propriedade nos permite então, por meio da intuição, agrupar itens lexicais de acordo com conceitos gramaticais que os fazem compartilhar e diferenciar um nome de um verbo, por exemplo.Essa competência lingüística que temos também nos ajuda a perceber que sentenças de nossa língua não são apenas um aglomerado “inordenado” de itens lexicais em uma sequência linear, mas sim, que há uma ordem na estrutura da sentença, sendo esta hierárquica. Para que o ser humano defina as categorias gramaticais as quais os itens lexicais pertencem, existem as propriedades morfológicas, distribucionais e semânticas. Essas propriedades nos permitem agrupar os itens lexicais de uma língua em categorias que passam a ser definidas exatamente pelo fato de que os itens que as integram compartilham tais propriedades lexicais. Em outras palavras, cada grupo de itens lexicais que exibe um comportamento comum, corresponde a uma categoria gramatical. Em Introdução à Lingüística, Fiorin distingue as propriedades inerentes aos verbos, adjetivos, substantivos e advérbios.

Os verbos são os únicos que flexionam em tempo, modo, numero e gênero. Os adjetivos e os substantivos flexionam em gênero e numero, sendo que os adjetivos integram constituintes nominais ou são constituintes que têm a característica de atribuir uma propriedade a um constituinte nominal. Quanto aos advérbios, temos que eles compartilham a propriedade de não concordar em gênero e numero com nenhum outro constituinte. Entretanto, advérbios terminados em –mente e advérbios de tempo, lugar, modo e etc. diferem quanto às propriedades distribucionais, embora não deixem de ser advérbios.

Para a formação de sentenças, ocorre um agrupamento de constituintes que são unidades de elementos lexicais que se estruturam sucessivamente formando unidades cada vez mais complexas, chegando ao nível da sentença. Para comprovar que a sentença é uma estrutura hierárquica de constituintes, Fiorin lista evidências sintáticas, atentando para as possibilidades de distribuição desses constituintes em diversas posições na sentença. Para isso, ele utiliza os recursos da topicalização, clivagem e passivização. Os movimentos evidenciam o fato de que a sentença é estruturada em constituintes, precisamente porque não é possível deslocarem-se partes de constituintes, nem seqüências que não formem um constituinte. É importante observar que até em respostas curtas, só constituintes servem como fragmentos de sentença â essas respostas.

Fiorin ainda relata sobre a ambigüidade. Para ele, ela só acontece em uma sentença pela possibilidade de apresentar diferentes estruturas sintáticas. Construções que movem ou substituem constituintes revelam possibilidades de significados inequívocos, evidenciando o caráter estritamente sintático da ambigüidade da sentença.

O autor ainda relata sobre predicados e argumentos, levando em conta que a língua natural é uma expressão do pensamento. Dessa forma, podem-se caracterizar com argumentos do predicado os elementos que satisfazem as exigências de combinação dos predicados e que desempenham papéis específicos determinados por ele. Os predicados podem ser verbos, nomes, preposições, adjetivos e advérbios, que nesse caso, determinam o número de participantes da situação que expressam, as características que esses participantes devem ter e o papel que cada um deles desempenha na situação.É importante enfatizar que a noção de predicado que estamos usando não corresponde exatamente à noção de predicado de que faz uso a gramática tradicional. Predicados aqui são itens capazes de impor condições sobre os elementos que com eles compõem o constituinte do qual são núcleos.



Grupo:

Ana Paula, Bévirley, Caroline, Gabriela Teixeira


domingo, 1 de novembro de 2009

Competência e Desempenho(performance)


Obs: Na literatura, há uma aproximação dos conceitos "competência e desempenho" com "langue e parole" embora
essa aproximação não seja muito adequada.


1) A competência gramatical é o saber linguístico abstrato que temos em nossa mente. Esse saber é acessado toda vez que precisamos produzir ou compreender frases. É o conhecimento das regras gramaticais de nossa língua materna.

2) O uso da competência em situação de fala específica é que constitui o desempenho linguístico: a competência é um saber e o desempenho é um fazer.

Exemplo de competência e performance:
Temos a competência em saber que 6:3=2 mas quando erramos uma conta, erramos no fazer e portanto, erramos na performance.


A preocupação chomskiana é sobre o conjunto de regras que ditam o que é gramatical ou agramatical em uma língua natural e não o desempenho de determinada língua.


Gerativismo: conceitos fundamentais

  • Momento inicial: 1957
-A linguagem é inata( apenas aos seres humanos pois só nós temos a faculdade mental da linguagem);
-Trata-se de um ógão da mente;
-A capacidade é inata: não a aprendemos no curso de nossa experiência de vida, mas já nascemos com ela;
-Tal competência só está em nossa mente.

Os animais possuem um instinto de comunicação.As danças das abelhas, por exemplo, não são consideradas linguagem pois só funcionam na sua totalidade.Elas são códigos e imutáveis. Se segmentarmos a dança das abelhas em várias partes, perceberemos que ela não passa nenhuma mensagem pois só tem sentido quando é completa.

Perspectiva materialista:
Culturas diferentes fazem com que as pessoas tenham visões diferentes do mundo.


Comportamentalismo X Cognitivismo

Posição cognitiva de ciência: o sujeito não é uma tábula rasa. O sujeito nasce com a capacidade da linguagem.
Para Skinner, a criança receberia estímulos linguísticos do ambiente e então produziria respostas verbais.
Chomsky não pensa assim.Para ele, se a tese de Skinner fosse verdadeira, a criança, ao receber estímulos pobres, só seria capaz de reproduzir sentenças pobres.No entanto, mesmo recebendo estímulos pobres, somos capazes de ter um comportamento verbal complexo.
O cognitivismo propõe que a mente humana não seja vista como uma caixa vazia, como queriam os comportamentalistas.



O Problema de Platão e o Problema de Orwell

O Problema de Platão corresponde à pobreza de estímulos e a nossa grande aprendizagem a partir deles.
Já o Problema de Orwell se trata do indagação de que como podemos saber tão pouco se temos tantas evidências, como não assinalamos passivamente conteúdos e como temos tantas informações e escolhas mas assimilamos poucas delas.



Aquisição e aprendizagem da linguagem

Para Chomsky a linguagem não é aprendida mas adquirida. Já a escrita, ao contrário, é aprendida e não adquirida.
Já nascemos com princípios da linguagem universais que nos indicam as propriedades centrais que qualquer língua humana pode ter.
Embora os dados recebidos do ambiente sejam pobres, assistemáticos e fragmentados, conseguimos adquirir uma língua porque nascemos com princípios gerais, que nos ajudam a organizar os estímulos verbais deficientes em estruturas complexas.
A aquisição é um termo natural e espontâneo diferente da aprendizagem. A aquisição é o que ocorre à criança exposta a estímulos linguísticos: o órgão da linguagem opera ativamente sobre esses estímulos, produzindo uma aquisição de uma língua específica.
A G.U.(Gramática Universal) só é acessada de maneira natural e espontânea até um certo período da vida(perto da puberdade).Após a puberdade, não adquirimos uma língua naturalmente mas temos de aprendê-la pois nesse período o órgão mental da linguagem já está constituído e temos dificuldade em acessá-lo.


Estágios de Aquisição(segundo Chomsky)

1) Estágio dos balbucios;
2) Em alguns meses, fixam-se os sons falados nas línguas ao seu redor (fixação do sistema fonológico de uma Língua Natural);
3) Por volta dos 8-10 meses as crianças passam a pronunciar palavras isoladas da sua língua.É o período holofrástico(a pragmática vai se construindo);
4) Mais alguns meses e as crianças passam a formar frases de 2 palavras.É o início da sintaxe;
5) Após isso, as crianças aumentam seu vocabulário e seu conhecimento das regras de construção presentes na língua( mais ou menos aos 18 meses) , adquirindo seu sistema fonológico e morfológico, mesmo ainda não dominando as estruturas mais complexas da língua. Após os 24 meses, o processo vai sendo aprimorado. Há um aumento do vocabulário, do conhecimento das regras e mais ou menos aos 15 anos a pessoa atinge a maturidade linguística.


Questões

1) O programa de pesquisa gerativista assume como um dos seus pressupostos que a linguagem é uma capacidade inata dos seres humanos. Segundo os gerativistas, quais são as evidências que sustentam esse pressuposto?

O princípio do inatismo é sustentado pelas seguintes evidências:

I) Todos os homens(sem problemas relacionados à área da linguagem) falam uma língua natural;

II) Todas as línguas têm o mesmo grau de complexidade;

III) As crianças desenvolvem a linguagem em uma rapidez considerável.


Os critérios que distinguem o que é propriedade inata e o que é aquisição cultural são :

a)Existência ou não de variação na espécie;

b) Existência ou não de uma história de um aspecto considerado a partir de um estado primitivo;

c) Predisposição hereditária;

d)Presença de correlações orgânicas específicas.


No estudo entre os critérios de distinção acima relatados, o andar bípede (característica biológica) foi oposto à escrita (traço cultural). Ao analisar a linguagem segundo esses critérios, foi constatado que a linguagem alinha-se ao andar bípede e portanto, é uma propriedade biológica e não cultural.

Além disso, a observação de pacientes mortos com problemas em relação à linguagem possibilitou descobrir a localização cerebral da linguagem.A linguagem está presente em várias regiões conectadas do cérebro e não somente na Área de Broca (lobo esquerdo) e na Área de Wernick (nota: pacientes que têm algum tipo de lesão na área de Wernick possuem déficit de compreensão mais conseguem falar).

Por fim, temos também que o inatismo pode ser afirmado pela posse de uma gramática universal interna por todos os falantes, que possibilita o reconhecimento de formas gramaticais e agramaticais de sua língua desde a mais tenra idade.



2) A linguagem humana no entendimento de Noam Chomsky baseia-se em uma propriedade elementar chamada propriedade da infinitude discreta. Explique o que vem a ser tal propriedade.

A propriedade da infinitude discreta é fundamentada pelos princípios de que o conhecimento da linguagem é parte da nossa biologia; de que não aprendemos a linguagem por repetição, pois se assim fosse, só seríamos capazes de reproduzir o que ouvimos; de que quando falamos demonstramos saber muito mais do que ouvimos e principalmente pelo princípio de que somos capazes de produzir um número infinito de sentenças lingüísticas a partir de um conjunto finito de elementos da língua(fenômeno da recursividade).


O Gerativismo Chomskyano

Chomsky do séc XX era um militantante político e provocou uma revolução científica.
Antes de Galileu Galilei o modelo predominante era o aristotélico.Com Galileu Galilei surgiu a ciência moderna e Chomsky mudou o modo de se pensar na Linguística (que até então era pensada pelo modelo saussuriano )e foi criado o modelo dedutivo, baseado na formulação de hipóteses e teste das mesmas.

"O principal debate suscitado na ciência linguística foi protagonizado por Noam Chomsky nos anos 50 do século passado.Em seu livro"Syntatic Structures", Chomsky apoiado no racionalismo clássico(cartesianismo) e na tradição lógica, em seu programa de pesquisa critica Bloomfield por seu modo estruturalista de analisar a linguagem.Para alguns filósofos da Linguística Chomsky teria promovido com seu programa de pesquisa uma verdadeira revolução científica, instaurando um novo programa científico."

- O programa de pesquisa de Chomsky rebatate a postura analítica dos estruturalistas.Diferentemente dos behavioristas, os chomskianos acreditam que já nascemos com a linguagem.Ela é uma capacidade inata que o homem possui.
-Para Chomsky, a língua não se restinge a um corpus, pois enquanto este se constitui de um conjunto finito de elementos linguísticos, a língua torna possível um conjunto infinito de combinações entre os elementos.
-Os falantes possuem um saber inato sobre sua própria língua que os habilita a distinguir uma frase gramatical de uma frase agramatical.
Ex.: uma bala / um bala

Língua para Chomsky:
É um saber sobre o funcionamento da língua e nem sempre um saber exato sobre a língua.Não nascemos com um saber sobre a performance mas com o saber sobre a competência.


Chomsky argumenta que a gramática de uma língua se constitui num conjunto de regras, de instruções, cuja aplicação mecânica produz frases admissíveis dessa língua.
Surge aí a gramática gerativa, GERATIVA porque possibilita, a partir de um conunto limitado de regras, gerar um número infinito de frases.A língua não se define somente pelas frases existentes, mas também pelas possíveis de serem criadas pelas regras.
Essas regras são interiorizadas pelos falantes e os tornam aptos a produzir frases mesmo sem que estes tenham se quer ouvido tais frases. Chomsky define como recursividade essa capacidade humana de produzir uma variedade ilimitada de sentenças de comprimento indeterminado apenas combinando as poucas regras da língua.
Ainda segundo Chomsky, a linguagem não se desenvolve por repetição mas por criação.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Linguista Distribucionalista


I)O trabalho do linguista distribucionalista é descrever o funcionamento de determinada organização linguística.

Ex: A frase é uma organização.O trabalho do linguista é decompor em unidades menores as
unidades maiores.






O critério categorial escolhido estabelece a maneira como analisa-se (e consequentemente a minha visão e o meu objetivo sobre) determinado elemento.

II) Objetivo: pensar como se dão as marcas de plural em português.

Dados:
Os menino
As casa
As bicileta
Os trator

1) O plural é marcado no 1º elemento ( na variante não-padrão).Do ponto de vista do estruturalismo americano, é possível afirmar que no português o plural é marcado no 1ºelemento e generalizar que é uma regularidade do português.

2) Para a Sociolinguística, marcar o plural apenas no 1ºelemento (na língua portuguesa )é característica das pessoas com menor escolaridade .

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Estruturalismo Europeu X Estruturalismo Americano

Linguística Pré-Saussuriana:
Pensava-se na origem de um signo e os processos que este signo sofreu ao longo dos anos(posição da gramática comparada e da linguística histórica).

FuncionalismoX Estruturalismo
Para o Funcionalismo, a língua se explica pelo uso(ex.: é o uso que possibilita o uso do advérbio aí como conjunção aditiva ).Para o estruturalismo todas as mudanças que podem ocorrer são fatos previstos pelo sistema linguístico.


Estruturalismo europeu:

-Mecanismo da estrutura/ princípio da estrutura:
Não é possível pensar um elementoo linguístico sem considerar a relação que ele tem com outros.

-Princípio da autonomia:
A organização interna de uma língua é um dado original e não pode ser obtida a partir de outra ordem de fatos externos, que lhe são estranhos.A língua é um sistema de signos que se define exclusivamente por suas relações internas.
Portanto, os elementos linguísticos se explicam internamente, o sistema se sustenta por si só e a língua é independente das questões que lhe são exteriores.

Além disso, do ponto de vista estrutural, tanto uma sentença como "nós vai no mercado" quanto uma como "nós vamos ao mercado " são aceitáveis pois ambas comunicam que alguém vai a algum lugar e todos os falantes da língua portuguesa compreendem .

-Código de Postura da Língua- objetivo prescritivo
ex: você não pode preposicionar o sujeito pois está incorreto segundo as normas dos manuais de gramática.

-Biologia e Linguística estrutural têm um objetivo descritivo.

-Gerativismo: objetivo explicativo



Estruturalismo Americano:

Surgiu com Leonard Bloomfield que era tributário das ideias de Saussure.Os estruturalistas mais especificamente, os distribucionalistas norte-americanos, partindo da psicologia behaviorista, acreditavam que o estudo de um língua deveria ser feito a partir de uma reunião de um cnjunto, de um corpus tão variado quanto possível de frases efetivamente produzidas por falantes dessa língua( independente de classe social), em determinada época, com o objetivo de descrever as regularidades existentes nessas falas.
Para os estruturalistas as línguas se organizam em todos os seus aspectos estruturais(fonéticos, morfológicos e sintáticos) de uma maneira regular e reiterável.
Nos EUA de até então acreditava-se que a partir de um amostra você tem determinados resultados e com eles você pode generalizar todas as suas observações para o elemento ou a característica estudada(início do indutivismo).No entanto, regularidades e recorrências da língua são diferentes de prescrição.

Questão política existente nos EUA:
Era preciso descrever as línguas índigenas para saber o que os índios pensavam e omo agiam.




Contraste:
-Estruturalismo europeu: base epistemológica aristotélica/ a estrutura da língua se organiza em níveis e reflete uma dada realidade.
-Estruturalismo americano: base behaviorista/ o sujeito nasce como uma tábula rasa e no contato com os outros ampliamos nosso conhecimento/ precisa-se de uma amostra que deve ser representativa.
-Gerativismo: eu, enquanto falante de uma dada língua natural, sou capaz de explicar os fenômenos que acontecem nela.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Saussurianismo

22/09/2009
  • Linguística & Semiologia;
  • Língua & Fala;
  • Diacronia & Sincronia;
  • Sintagma(eixo das realizações/dos elementos realizados) & Paradigma(eixo das possibilidades de combinação entre os elementos linguísticos);
  • Subordinação da significação ao valor;
  • Níveis da análise linguística;
  • Signo linguístico:
-Significante e significado;
- Arbitrariedade do signo linguístico;
-Linearidade do signo linguístico;
-Mutabilidade e imutabilidade.
  • Delimitação da ciência;
  • Linguagem verbal: sistema da língua(langue) e sistema da fala(parole);
  • Prefência pela Langue.
Ø A linguagem tem uma relação indireta com a realidade e para Michel Pêcheux, a linguagem não é algo que não mantém relações com nada.

Existem três Saussures:
1º: Saussure dos anagramas;
2º:Saussure do CLG;
3º:Saussure dos manuscritos.

O Saussure dos anagramas considerava que o componente histórico é parte constitutiva da linguagem e nele percebe-se também o sujeito trabalhando com e na linguagem.
Já no 2º e o 3º Saussure encontramos a exclusão do contexto histórico e da diacronia.Além disso, a questão do sujeito é deixada de lado.
Contudo, nos 3 Saussures a relação signíca é tida como algo que pertence unicamente ao nível linguísitico.Os referentes não são levados em consideração e não há exterioridade (mundo) trabalhado.
O modelo positivista de conceber a ciência era o modelo vigente na época e implicava na sistemacidade e na objetividade.Por isso, Saussure excluiu toda a interferência do sujeito sobre o objeto para construir verdades ( excluindo além do sujeito, referente e história).

Ø Apesar de preferir a langue (e recortar a parole pois esta traz as particularidades e as singularidades do falante), Saussure diz que a fala não é assistemática. Para ele, a fala apenas possui uma sistematicidade e uma regularidade diferente da língua.

Ø O objeto língua pode ser estudado pela visão sincrônica ou diacrônica. Os pré-sausserianos privilegiavam o estudo diacrônico mas Saussure privilegiava o estudo sincrônico pois acreditava que a historicidade já está presente em um recorte da língua e por isso não haveria necessidade do estuda diacrônico desde os primórdios da história de determinada língua.

Ø Modo Saussuriano de ver a história: cronológico.
Ø Modo Bakhtiniano de ver a história: relacionado com as lutas de classes.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Palestra do Professor Emílio Gozze Pagotto (USP)

O português que vai distante e o português que vai em nós

  • Temos a impressão que os manuais de gramática passam todo o histórico da língua.Entretanteo essa visão é equivocada.
  • Fazemos confusão também no que diz respeito a norma culta e norma padrão.A norma culta consiste nas práticas linguísticas das pessoas mais escolarizadas. Já a norma padrão nada mais é do que a norma idealizada dos gramáticos.
  • No processo de evolução da língua, a norma padrão vai aos poucos incorporando as práticas linguísticas que estão no vocabulário dos mais letrados mas no século XIX houve um movimento contrário:primeiro houve a adesão de novas práticas linguísticas para depois rejeitá-las.

Gramática do Português Brasileiro(características)

I) Desaparecimento do clítico acusativo e susbstituição por um "pronome vazio";
II) O sistema de relativas (ex.: Eu tenho um amigo que ele não gosta de estudar);
III) A perda da inversão livre do sujeito;
IV) A perda da inversão obrigatória do sujeito em interrogativas- inovação(ex: você fez o quê?);
V) Mudança no sistema de colocação pronominal: sistema de colocação pronominal essencialmente proclítico;
VI) Mudanças no sistema pronominal;
VII) As mudanças no sistema verbal;
VIII) Preenchimento do sujeito : o sujeito agora entra na fala com uma frequência muito alta e o sujeito vazio está sendo menos usado;
IX) A entrada das construções de tópico (ex.: O Brasil ele uma hora vai ter jeito/ Essas gavetas não cabem muita coisa- não é a gaveta mas as coisas que não cabem na gaveta).



Como a esquizofrenia linguística cresceu entre nós?

O século XIX foi o período em que o pórtuguês brasileiro se consolidou mas foi no século XX que as características do nosso português foram ficando mais evidentes.
No português europeu, uma sentença como "Maria me viu" é agramatical.O falante de Portugal não reproduz uma sentença como essa.
O português do Brasil e o português de Portugal se originam do português clássico.
O português clássico era predominantemente proclítico. No Brasil do século XIX, os casos de ênclises cresceram e no século XX os casos de próclise no português eram maioria.
A ocorrência da próclise durante o Império era de 91% contra apenas 14% de casos de próclise na República.
O padrão normativo mudou ao longo do século XIX mas as mudanças aconteceram na direção contrária da língua falada no Brasil.Um exemplo disso é que a constituição do Império foi escrita em português clássico enquanto a da República foi escrita em português europeu.

-O português do Brasil faz a próclise ao segundo verbo
- O português clássico fazia a próclise ao 1º verbo (ex.: ele me deve sempre dizer a verdade).

I)Português do Brasil: João não me viu.
II) Português de Portugal: João disse que não conseguiu ver-me.
III)Português clássico: João me não viu.


Curiosidades

- +ou - 1870:Pinheiro Chagas critica a escrita de José de Alencar(pois ele queria escrever em português brasileiro) e Alencar responde no posfácio de Iracema.
- Por causa da polêmica entre Rui Barbosa e Carneiro Ribeiro sobre a escrita mais correta o Código civil foi publicado em 1916(sendo que começou a ser revisto em 1902).
- A melodia do Hino Nacional Brasileiro é muito antiga mas a letra só foi escrita no início da República.Por esta razão explica-se o grande número de inversões e ênclises, num período em que o português de Portugal era tido como a língua ideal em nosso país.


sábado, 12 de setembro de 2009

Bloomfield / Chomsky

-Para Bloomfield, todos nascem como uma tábula rasa e adquirem conhecimento na convivência com os outros(a criança aprende através de estímulos e respostas).
Já para Chomsky, algumas coisas da linguagem são inatas. Já nascemos pré-determinados a desenvolver a linguagem.

- A criança adquire a linguagem através da formulação de hipóteses.
ex.: eu FAZI isso(fazendo uma analogia a"eu comi..."," eu bebi..." ).

-Chomsky: desde pequenos temos a capacidade de reconhecer quais sentenças se enquadram nas regularidades da língua.No entanto,desde crianças produzimos sentenças e elementos de natureza linguística que nunca ouvimos antes.
ex.: a laranja está verdura(verde+madura) <- este dado questiona o aprendizado por repetição.
Chomsky diz ainda que não podemos pensar na língua como um sistema superficial, pois além do superficial, há uma estrutura profunda.
Ainda na visão de Chomsky, na linguagem existem coisas comuns a todas as línguas:
-Todas as línguas possuem sujeito e predicado;
-Todas as línguas utilizam um mecanismo para contar( curiosidade: existem grupos indígenas que contam até 2. O que vem além, eles consideram como "muito").
-Não precisamos analisar empiricamente a linguagem para formular hipóteses sobre ela.A partir da experiência como falante da língua é possível formular tais hipóteses( como por exemplo, em português, "eu a vi" está sendo substituído por "eu vi ela").


Fenômeno da recursividade :
Somos capazes de produzir sentenças complexas a partir de sentenças simples(POSTULADO UNIVERSAL DE CHOMSKY).


-Os "Bloomfieldianos" são indutivistas.
-Os" Chomskyanos" são dedutivistas.



-Chomsky não critica o sestruturalismo de Saussure mas critica os estruturalismo americano de Bloomfield. O estruturalismo saussereano era dedutivista ( ia do geral p/ o particular).
Saussure mostra que a língua não tem só uma função mas também um funcionamento.

Curiosidade:
No léxico empregado por Saussure a palavra "estrutura" não é citada nenhuma vez.
O termo estruturalismo foi criado por um antropólogo (Claude Levi Strauss) que ao estudar grupos indígenas no Brasil , observou que esses grupos se organizavam de forma semelhante às estruturas linguísticas.

-Chomsky se preocupa apenas com a sintaxe e com a disposição dos elementos nos enunciados(As organizações sintáticas possibilitam 'n' leituras).

Chomsky- Linguística da frase
Benveniste- Linguística da enunciação